Lançado em 2013 pela Geração Editorial, o livro “Holocausto Brasileiro”, da jornalista Daniela Arbex, é daquelas leituras que marcam profundamente. A obra conta a história do Hospital Colônia de Barbacena, uma instituição psiquiátrica que, durante décadas, foi palco de uma das maiores tragédias humanitárias do Brasil.
O livro não é ficção. É um relato real e brutal do que aconteceu com mais de 60 mil pessoas, internadas muitas vezes sem diagnóstico de transtornos mentais, mas sim por serem consideradas “indesejadas” pela sociedade. Mulheres grávidas solteiras, pessoas pobres, indivíduos com deficiência, entre outros, foram levados para o Colônia e submetidos a condições desumanas, passando fome, frio e sofrendo maus-tratos diários.
O mais chocante é que, por muitos anos, tudo isso aconteceu debaixo dos olhos da sociedade, sem que houvesse grandes questionamentos. Daniela Arbex reconstrói essa história com base em entrevistas e documentos, trazendo à tona depoimentos de sobreviventes e de profissionais que testemunharam essa realidade. A narrativa é envolvente e, ao mesmo tempo, difícil de digerir, pois nos coloca frente a frente com um passado que muita gente prefere esquecer.
Mais do que um livro sobre um hospital psiquiátrico, “Holocausto Brasileiro” é um alerta sobre como tratamos os mais vulneráveis. É um lembrete de que a exclusão social pode ter consequências devastadoras e que a assistência social tem um papel fundamental em garantir que tragédias como essa nunca mais se repitam.
É uma leitura obrigatória para quem trabalha ou se interessa por direitos humanos, saúde mental e assistência social. Não é um livro fácil, mas é um livro necessário.